Reportagem publicada pelo jornal Diário da Manhã — 22 de dezembro de 2016
Mudanças climáticas e má gestão na infraestrutura do abastecimento prejudicam o Brasil
Wandell Seixas/Da Editoria de Cidades
O senador Wilder Morais (PP-GO), originário de um Estado agropecuário por excelência, demonstra preocupação com a freqüente escassez de água no Brasil. E, justamente, num país que detém quase a quinta parte das reservas de água do mundo. Os recursos hídricos brasileiros estão divididos de forma geográfica e a degradação nas bacias. Essas condições provocam mudanças climáticas e má gestão na infraestrutura do abastecimento, segundo se depreende dos estudos do Banco Mundial. Segundo o Diagnóstico Sistemático do País, os setores que mais contribuem com o processo econômico são os mais dependentes de água.
Observa a título de exemplo que 62% da energia é gerada por usinas hidrelétricas. E a água é também essencial para a agricultura, outro setor importante para a economia nacional, conforme expõe o senador goiano. Conforme a Agência Nacional de Águas, a agricultura consome 72% de água no País. Este tipo de dependência significa que em tempos de escassez a produtividade dos diferentes setores econômicos pode ficar ameaçada. O Banco Mundial lembra a propósito a experiência sofrida em São Paulo nos dois últimos anos.
Em São Paulo, por alguns meses, “não ficou claro se as indústrias, como a de alumínio, grande consumidora de água, poderiam continuar produzindo no ritmo anterior à crise hídrica”, lembra Gregor Wolf, líder do programa de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial no Brasil. O Nordeste está cinco anos sem chover, afetando a vida do sertanejo. Suas lavouras se perdem e o rebanho definha cada diz mais, havendo menor produção de leite e constante morte de animais. Em Goiás, a Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg) registrou perdas de grande parte da safra de milho em função do estio prolongado. As chuvas somente chegaram agora.
Modelo sustentável
O estudo inclui alguns pontos importantes sobre a forma como o Brasil gerencia seus recursos hídricos e, embora não aponte soluções, discute os principais obstáculos que devem ser enfrentados a fim de estabelecer um modelo sustentável e inclusivo.
Diante da evidência científica da relação entre desmatamento, a degradação das florestas e das alterações dos padrões das chuvas, o informe adverte: as crises de água, tais como as que ocorreram em São Paulo, estado industrial por excelência do Brasil, podem se repetir nas próximas quatro décadas. Essa alteração tende a afetar o abastecimento de água, a produção agrícola e a geração de energia, entre outras atividades.
O estudo do Banco Mundial também destaca a redução da floresta da Amazônia nos últimos anos e as regulamentações criadas com o advento do Código Florestal para ajudar a proteger os recursos naturais e impedir erosões no meio rural. Para o Banco Mundial, vinculado a Organização das Nações Unidas, se trata de conquistas recentes e recomenda, depois de décadas de devastação é necessário controle constante para que não se percam.
Exportação de alimentos
No diagnóstico, o Brasil se destaca como segundo maior exportador de alimentos do mundo. E cita que os brasileiros sobressaem na agricultura e na pecuária, e assim representa 8,4% do PIB. A lavoura irrigada consome extensas áreas. Atualmente, menos de 20% das terras irrigáveis têm acesso a irrigação. Já na área de geração de energia, mesmo com a diversificação das fontes prevista para as próximas duas décadas, as usinas hidrelétricas continuarão entregando 57% da eletricidade consumida pelos brasileiros.
A indústria é uma das principais causadoras da degradação do meio ambiente, pelo informe oficial. Segundo o documento, os pesquisadores encontraram resíduos industriais, incluindo metais pesados, nos cursos de água das regiões metropolitanas. E adverte que as descargas são feitas sem tratamento prévio. Esses registros foram mais fortes em São Paulo e Recife. Os recursos hídricos, assim, ficam contaminados, o que afeta o consumo de água saudável.
Ao tomar conhecimento do “tamanho problema”, o senador Wilder Morais defende junto ao governo da União as “medidas capazes de contribuir para a sanidade da água e agregar qualidade de vida dos brasileiros, gerir melhor os recursos naturais e manter a sua conservação”.
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