Vamos gastar mais com o Brasil e menos com Brasília!
O Brasil é hoje um peso pesado. Mas um peso pesado da corrupção, da ineficiência, da má gestão, da burocracia e da letargia administrativa. Estamos todos “nas cordas”, cambaleantes diante da ruptura institucional que nos rodeia impávida e poderosa.
O povo não acredita mais nos governantes. A torcida pelo estado mais eficaz está descontente e irritada. Como uma luta de boxe, o árbitro realiza a contagem. Se não conseguirmos reagir diante do sofrimento estatal, logo seremos mais uma vez derrotados pelo processo histórico.
A política entrou um descrédito exatamente por isso: a estrutura do Estado é pesada e a população não vê resultados diante de todo aparato de órgãos e ministérios.
Em todos os setores da administração damos uma aula de como fazer errado as coisas. Temos uma das máquinas públicas mais inchadas do mundo. Obesa, ela não se mostra competitiva. Ela não tem agilidade e perde fácil seu foco.
O Brasil conta hoje com 29 ministérios, sendo que a maioria existe apenas para consumir recursos públicos. São R$412 bilhões gastos anualmente para manter esta estrutura. Destes valores, a metade é destinada ao pagamento de servidores.
Sobram apenas R$50 bilhões para investimentos, o que demonstra que o Estado arrecada mais para se manter do que efetivamente planejar o futuro do país.
O desperdício de recursos públicos por conta da má gestão federal prejudica o Brasil, pois dissemina a ideia de gestão sem qualquer planejamento. O que é pior: a má prática se espalha em estados e municípios. A cada dia que passa falamos menos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e mais em pedaladas fiscais e corrupção.
E um dos motivos é a absurda centralização de poderes e recursos na União. Deixamos o mínimo para os castigados Municípios.
Este ciclo vicioso é responsável por manter o Estado sempre ineficiente. Como não exercemos o real federalismo, acabamos por prejudicar quem trabalha: as cidades, os centros financeiros do país, onde realmente vivemos.
Enquanto nos Estados Unidos existe uma grande liberdade tributária e econômica dentre os vários entes estatais, no Brasil se reproduz os mesmos erros da União nos Estados e Municípios.
Tenho defendido no Senado Federal um modelo público que realmente respeita o federalismo, o trabalho e a livre iniciativa. Ou seja, um sistema que privilegia a eficiência em vez do protecionismo. Queremos descentralização, mais recursos para as cidades e desenvolvimento.
O Brasil é um peso superpesado da corrupção justamente por conta deste sistema que ignora as conquistas da iniciativa privada, como a busca da eficiência e o desejo de tratar o cidadão com dignidade e respeito.
No mundo empresarial, se o negócio não atende as expectativas do cliente, pode ocorrer uma falência. Mas o mesmo não ocorre com o gestor lento e dispendioso que se esconde nos gabinetes. O Estado segue fabricando dinheiro e dívidas para cobrir seus rombos.
É chegada a hora de modificarmos todo o sistema brasileiro. Cito como exemplo os órgãos públicos que dizem respeito imediatamente ao povo. É preciso dar uma guinada radical, torna-lo eficiente e realmente servir aos interesses da população.
O Detran, por exemplo, deve instituir processos e procedimentos eletrônicos, reduzir a burocracia na expedição de carteiras, baratear taxas e ser mais ágil quando provocado. Nos Estados Unidos, você sai habilitado para dirigir no mesmo dia em que deu entrada no processo. No Brasil necessita esperar meses, inúmeras aulas, exames…
Nos EUA, basta levar seu comprovante de residência e documentos pessoais, realizar uma prova em sua língua, fazer o exame de visão (sem necessidade de avaliação médica), de direção e pronto. É simples mesmo.
Por poucos dólares, qualquer pessoa pode ter sua licença para dirigir. É infinitamente mais ágil, barato e seguro. Mas o Brasil insiste em ser diferente. Cria mecanismos para tirar dinheiro do povo e irritá-lo através de uma burocracia insana e injusta.
Da mesma forma, os processos licitatórios precisam contar com maior velocidade, ampliando a fiscalização promovida pelo terceiro setor.
Chegou a hora de gastarmos menos com Brasília e mais com o brasileiro. É hora de pensarmos nas cidades como verdadeiros espaços de convivência. Vivemos nelas.
O dinheiro precisa ficar aqui, na conta dos Municípios. Ou mudamos o Brasil ou continuaremos “nas cordas”, com gasolina cara, serviço de saúde ineficiente e escolas que ensinam a fingir que aprendemos matemática.
Defendo este novo país. E acredito que podemos mudar tudo o que está errado. É preciso querer e ter coragem e competência para fazer a mudança.
Wilder Morais, senador da República, engenheiro civil e relator da Política Nacional de Segurança Pública.
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