WILDER
MORAIS

Engenheiro e
Empreendedor goiano

Perdemos a Copa, mas o Brasil continua

Artigo publicado no Jornal Diário da Manhã — 17 de julho de 2014


Wilder Morais

Após aquela surra histórica que a nossa seleção levou da Alemanha na terça-feira da semana passada, fui ao Google pesquisar o que alguns cronistas esportivos disseram após a partida vexatória: “De que o fiasco da Copa de 1950 foi superado”. Num jogo contra a seleção uruguaia realizado no Estádio do Maracanã no dia 16 de julho, quando o Brasil era tido como o favorito por estar jogando dentro de casa, o adversário nos venceu por 2 a 1. Interessante que, nessa mesma copa, o Brasil fez a festa num jogo contra a Suécia, que teve o mesmo placar que a goleada que sofremos da Alemanha: 7 a 1. Goleada esta que nos fez perder o rumo de casa, mesmo estando dentro dela. E para aumentar a falta de rumo, a derrota de 3 a 0 para a Holanda no jogo de sábado da mesma semana.

Infelizmente a nossa seleção não conseguiu fazer o troféu da Copa do Mundo ficar por aqui. Só que há outro jogo sendo travado diariamente. E temos de continuar torcendo, mas principalmente lutando com muita determinação pelo nosso país, que tem mais de 200 milhões de jogadores. Ao contrário da batalha travada nos eventos esportivos, em que os adversários aparecem de quatro em quatro anos, esses são enfrentados todos os dias, e eles não vêm de outros países: estão dentro do Brasil.

Esses adversários, por sinal bem numerosos, são muito conhecidos pelo povo brasileiro, que até junho do ano passado vinha os enfrentando de modo passivo, sem sair às ruas, como fez a partir do respectivo mês, para externar seu descontentamento com o poder público pela má gestão em vários setores da máquina pública. Esses adversários — violência e criminalidade, muita corrupção, desemprego, saúde precária, educação ruim entre outros — que afetam de maneira bem prejudicial a vida dos brasileiros, estão praticamente nos noticiários dos jornais todos os dias.

O enfrentamento desses adversários, ao contrário dos adversários esportivos, não se dá com o emprego da destreza física, driblando e chutando para gol (ou levando gols como os 10 vergonhosos que a nossa seleção sofreu nos dois últimos jogos). O enfrentamento deles é no campo das ideias. É na participação ativa na vida política do país, é na escolha meticulosa do presidente da associação de bairro ao presidente da República. E mais que isso: no acompanhamento bem de perto da atuação deles.

Cruzarmos os braços nessa batalha contra esses problemas sociais, por descrença com a rotina política do Brasil, marcada por muita corrupção e praticamente nenhuma punição, é marcar gol contra o país. É entregar a partida de mão beijada e sofrer na pele os efeitos da derrota: cidadãos de bem assassinados por bandidos; jovens envolvidos com drogas e assassinados; seres humanos jogados em corredores de hospitais; muito dinheiro público, que poderia gerar vários benefícios sociais, indo embora pelo ralo da corrupção e outros tantos efeitos danosos.

“Não ouvir, não falar, nem participar dos acontecimentos políticos”, como disse o filósofo Bertolt Brecht, não vai tornar o povo brasileiro vitorioso nesse embate cotidiano, que exige muita perseverança e inteligência. Afinal, “o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas”.

Faz-se necessário reconhecermos que o Brasil há 20 anos vivia um pesadelo econômico, sendo desgastado por uma inflação gigantesca, e que esse caos econômico só teve um fim por causa de uma decisão político-econômica tomada pelo então ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, que criou o Plano Real.

Essa decisão política mudou para melhor o rumo desgovernado da nossa economia de então. Vale ressaltar que seis planos de estabilização antecederam o Plano Real: Cruzado 1 (fevereiro de 1986) e 2 (novembro de 1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e 2 (1991). Nessa época, o retrocesso da inflação era alcançado momentaneamente, mas ela retornava mais violenta logo adiante. O fracasso desses planos fez com que se diminuísse a confiança no governo no sentido de que ele pudesse resolver o problema. Fato felizmente superado com o Plano Real, que possibilitou que os governos petistas que sucederam FHC governassem sem grandes transtornos econômicos, mas que, por incompetência gerencial deles, sobretudo no setor econômico, estão fazendo o Brasil retroceder socioeconomicamente.

Não há outro caminho, a não ser pelo engajamento político, para que os mais de 200 milhões de jogadores brasileiros derrotem os inúmeros problemas sociais que impedem a vitória do Brasil no campo do desenvolvimento e do bem-estar social.

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