WILDER
MORAIS

Engenheiro e
Empreendedor goiano

Irrigação cresce, mas os custos também

Reportagem publicada pelo jornal Diário da Manhã — 16 de maio de 2016

Senador goiano busca alteração de leis para reduzir custos da lavoura irrigada

wilder morais

Wandell Seixas

A lavoura irrigada cresce no Brasil e Goiás tem o município líder em pivôs centrais. São quase 700, que irrigam uma área de 50 mil hectares em Cristalina, região do Entorno de Brasília. Apesar desse crescimento, os irrigantes sentem-se onerados pelos custos da energia elétrica. O presidente da Comissão dos Irrigantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Eduardo Veras, tem os dados de 2015 ainda na cabeça. Durante o estio o custo da energia estava oscilando em R$700,00 o hectare na lavoura de milho. No mesmo ano, houve reajuste da ordem de 130%, colhendo os produtores de tomate “na curva”. Nas feiras livres e nos supermercados, os consumidores sentiram a alta nos preços dos tomates tipo salada. Veras está convencido de que se os custos fossem reduzidos, o produtor ganharia novos estímulos para cultivar lavoura irrigada de trigo.

O senador Wilder Morais (PP-GO) insiste na necessidade de redução dos custos da lavoura irrigada no País. Ele, inclusive, dá ênfase às regiões produtoras de grãos, de frutas e hortaliças. A par também dos custos da energia elétrica onerosos aos irrigantes, limitantes à atividade, o parlamentar goiano está propondo alterações nas leis que tratam do assunto. Entre as quais, as de números 8.171, de 17 de janeiro de 1991, e 12.787, de 11 de janeiro de 2013, destinadas a promover o uso sustentável dos equipamentos de irrigação na agricultura brasileira.

Wilder Morais entende que com a alteração dessas leis, priorizará o uso sustentável dos equipamentos de irrigação, “de modo a compatibilizar a atividade agrícola com a preservação ambiental”. Em sua proposta, o senador goiano busca incentivar o uso de alternativas de energia nessas atividades, tomando como exemplo o uso da energia solar fotovoltaica. Wilder está convencido de que a proposta favorece os agricultores irrigantes familiares, normalmente responsáveis pelo abastecimento de hortaliças, frutas e flores. Eduardo Veras na condição de produtor está convencido de que com a medida proposta pelo senador goiano, a tendência é de crescimento “fantástico da lavoura irrigada em todo o País”.

Condições estratégicas

Em sua justificativa no Congresso Nacional, o senador Wilder Morais observa que matriz fotovoltaica apresenta vantagens comparativas que devem ser consideradas pelo poder público nacional. A energia fotovoltaica é obtida da luz do sol, em processo que usa células constituídas de elementos semicondutores, a exemplo do silício. Nesse processo, quando a luz solar incide sobre as células citadas, os fótons da luz estimulam a movimentação dos elétrons do material semicondutor, permitindo o fluxo de corrente elétrica, a qual pode ser destinada ao abastecimento de um aparelho específico ou à rede elétrica de uma localidade.

“O Brasil apresenta condições estratégicas para o aproveitamento da energia fotovoltaica em seu sistema produtivo”, ressalta. E acrescenta que a incidência perene de luz solar em seu território, predominantemente tropical, “possibilita ao País desenvolver mais uma fonte energética alternativa, cuja matriz já é reconhecida como uma das mais limpas e sustentáveis do mundo atualmente”. Sugere-se que o estímulo ao desenvolvimento de pesquisa e de sistema de irrigação alimentados por energia solar fotovoltaica seja previsto na Política Nacional de Irrigação (Lei n° 12.787, de 11 de janeiro de 2013).

O senador Wilder Morais acredita que a proposição recém apresentada aos seus pares no Senado Federal poderá aprimorar a eficiência da produção brasileira, preservando os recursos naturais disponíveis no Brasil.

Irrigação tem muito a crescer

A crise hídrica que vem ocorrendo no Brasil está causando impacto na economia e na qualidade de vida da população. Como a agricultura irrigada utiliza-se de cerca de 70% das águas derivadas dos recursos hídricos, a atividade muitas vezes é apontada como responsável pela crise de água. Daniel Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo, considera essa visão simplista e sem sentido. “Precisamos enxergar o ciclo da água na natureza e notar que a água está em processo contínuo de transformações, em que grande parte retorna para o espaço pelo processo de evaporação da água contida no solo e transpiração das plantas”, diz o cientista.

O pesquisador ressalta que nesses períodos de forte estiagem, as altas temperaturas e os baixos índices de umidade do ar contribuem para aumentar as perdas de água para a atmosfera e reduzir a água disponível nos solos. “Na realidade, as atividades humanas impactam diretamente a natureza e precisam ser redirecionadas de forma a permitir o desenvolvimento sustentável.

“No caso da agricultura irrigada, trata-se de uma atividade que permite ganhos expressivos em produtividade e a conseqüente redução da área antropizada”, complementa. A área antropizada é aquela onde ocorrem transformações no meio ambiente (solo, relevo, vegetação, regime hídrico) por consequência da atividade humana.

No entanto, Guimarães explica que tudo isso requer o uso eficiente da água de irrigação e que a consolidação do Brasil como celeiro de alimentos do mundo passa, obrigatoriamente, pela expansão dessa atividade no país. “Apesar de nossa vasta extensão territorial e condições climáticas favoráveis, o Brasil ainda ocupa uma tímida posição no que se refere à área irrigada, perdendo até para países de clima árido, como Paquistão e Irã.

Enquanto área irrigada brasileira situa-se na casa de seis milhões de hectares, nos Estados Unidos supera 25 milhões de hectares e ultrapassa 60 milhões de hectares irrigados na China e Índia, pontua. A política do governo é dobrar a área irrigada no país até 2020, mas essa expansão requer análises criteriosas que permitam o gerenciamento dos recursos hídricos de forma a minimizar os conflitos pelo uso da água e as questões ambientais.

Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA) havia no País 18 mil pivôs centrais em operação contemplando uma área de 1,2 milhão de hectares, em 2013. Da área total de várzeas estima-se que apenas 44% possa ser efetivamente utilizada, o correspondente a 13,5 milhões de hectares. A reserva de 56% se deve a fatores legais, técnicos, econômicos e ambientais.

Portanto, a área total de solos aptos à irrigação no Brasil é estimada em 29,6 milhões de hectares, o que representa aproximadamente 3,5% da área total do território nacional. O Brasil possui uma estimativa de 16.100.000 hectares com potencial para o uso de irrigação em terras altas, sendo que, atualmente, estão sendo explorados aproximadamente 2.870.000 hectares.

Pivôs centrais em Goiás

Em Goiás, a área de pivô central é de 250 mil hectares. São 125 municípios com sistemas de irrigação em suas lavouras. O município de Cristalina, no Entorno de Brasília, é considerado modelo em sistema de irrigação e consistindo num dos líderes do ranking em toda a América Latina. São 686 sistemas de irrigação numa área de 49.966,08 hectares, dos quais 48.893,4 hectares de pivôs centrais. Na irrigação realizada, empregando-se sistemas sob pressão, como a aspersão, a micro-aspersão e o gotejamento.

Soluções que economizam até 40%

Uma dessas soluções é a tecnologia de captação de água com energia vinda do sol, que é capaz de promover economia desses recursos naturais. Desenvolvida pela Anauger, a tecnologia funciona por meio de captação de irradiação solar pelo módulo fotovoltaico, que é transformada em potência elétrica pelo driver e aciona a bomba. Enquanto houver sol, haverá água e quanto maior a incidência solar, mais líquido será bombeado.

Cerca de oito mil litros por dia podem ser bombeados. Segundo a empresa, os agricultores que utilizam esse equipamento conseguem expressiva redução no uso de energia elétrica e podem captar grandes quantidades de água em dias ensolarados, além de aumentar a produtividade, já que podem instalar a bomba em locais afastados.

Na área de irrigação, a Amanco lançou nova linha de micro-aspersores MF2, voltada para os mais diversos tipos de culturas que necessitam de um sistema de irrigação localizada por micro-aspersão. Os produtos são utilizados como emissores em irrigação de plantas frutíferas, como laranja, uva, mamão, entre outras e estufas, funcionam com pressão a partir de 1,2 kgf/cm² até 3,0 kgf/cm², e com excelentes curvas de distribuição de água que proporcionam maior eficiência. O micro-aspersor gera um menor consumo de água e fertilizante por irrigar somente onde está a raiz da planta, auxiliando também na economia de energia elétrica do sistema de bombeamento.

GPS integrado

Já a Bauer mostra seus sistemas de irrigação, sua solução para gerenciamento da irrigação e seu sistema de tratamento de águas residuais agrícolas e não agrícolas. Um desses produtos é o Sistema 9000, solução de irrigação com pivô central e controle de GPS integrado, cuja distância entre eixos da torre oferece estabilidade mesmo sob ventos fortes e condições climáticas extremas. Com exclusivo sistema de controle de alinhamento, que garante precisão e facilidade de operação, é adaptado a diferentes tipos de solo e cultura e tem como vantagens o baixo consumo de água e energia e a gestão otimizada da irrigação.

Na Agrishow 2016, a Naan Dan Jain expôs as mais novas tecnologias e novidades de seus produtos para irrigação, proporcionando ao produtor rural a possibilidade de fazer mais com menos, ganhar em produtividade e aumentar a disponibilidade de recursos com redução de custos.

A Netafim apresenta seu novo sistema de irrigação por gotejamento com controle e gestão automatizados, e monitoramento em tempo real, garantindo economia de água, fertilizantes e mão de obra. Com isso, o produtor rural poderá controlar à distância todo o processo de irrigação e nutrirrigação – que é a técnica de levar a solução nutritiva junto da água, na mesma tecnologia gota a gota.

Já a Rain Bird apresentou aos visitantes da Agrishow 2016, recém realizada em Ribeirão Preto (SP) seus sensores de umidade de solo SMRT-Y, que proporcionam uma economia de água acima de 40%, uma vez que monitora com precisão os níveis de umidade em termos absolutos ao invés do modo relacional, não sendo afetados pela temperatura do solo ou condutividade elétrica.

O dispositivo verifica as condições de solo a cada 10 minutos, permitindo que a operação do ciclo de rega aconteça apenas quando a umidade da zona radicular cair abaixo do limite definido. Com isso, ele elimina a rega desnecessária, permite ao solo dizer quando a rega é apropriada, preservando, assim, água em muitas aplicações.

A empresa Tigre Tubos e Conexões tem novidades. A sua linha de tubos e conexões para sistemas de irrigação fixos, semifixos, portáteis e agropecuários. Como benefícios para o produtor, a linha de produtos apresenta alta resistência, durabilidade e confiabilidade, além de ser de rápida e fácil instalação, promovendo, dessa maneira, tranqüilidade, segurança e economia para seu usuário.

Por fim, a Valley Irrigação mostra uma novidade para pequenas e médias áreas, o Pivô 5 Polegadas Valley, voltado para irrigação de baixo custo para áreas de até 40 hectares. Entre os diferenciais está a facilidade de controle e monitoramento, que simplifica a operação.

A irrigação em pequenas e médias áreas exige tecnologia, dedicação e foco, sendo que o ideal é uma implantação em etapas, permitindo a incorporação gradativa dos processos e benefícios. Além disso, quanto mais pontos forem atingidos, maiores os benefícios econômicos e ambientais relacionados à maior produtividade, menor consumo de água, energia, mão de obra e do equipamento.

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