O jornal “O Popular” desde domingo, 18, abriu sua página de opinião com artigo do senador Wilder Morais. Nele, o congressista trata do combate ao crime em Goias e no Brasil e defende menor tolerância contra o crime. Para o senador goiano, tratar exclusivamente o policial como opressor e agente principal da violência é inverter os papeis na problemática. Leia:
Tolerância criminosa
Wilder Morais
A endemia do crime no Brasil não pode ser tratada apenas como conduta desviante. Hoje o crime é uma cultura. Criminosos mobilizados pelas facções são capazes de dominar territórios apenas porque controlam corações e mentes. Corações de jovens sem respeito à autoridade. E mentes de políticos, juristas e especialistas que invertem valores e protegem bandidos.
Rui Barbosa já dizia que de tanto ver crescer as impunidades, o homem chega a ter vergonha de ser honesto e o crime se espalha. A constatação do jurista foi provada por cientistas americanos.
A teoria das janelas quebradas comprova que a tolerância com “pequenos” delitos mina a autoridade da lei. Aos poucos, as comunidades deixam de cuidar de si mesmas, policiais passam a ser vistos como inimigos. Pessoas se trancam em casa e as ruas são ocupadas por criminosos.
Por sua vez, o crime é glamourizado como aventura; o policial é apenas um opressor. E os jovens se deixam levar por estes valores.
Este quadro retrata o Brasil e Goiás de hoje. Mas também trata dos Estados Unidos, em especial da Nova Iorque dos anos 80. A diferença é que os americanos têm reduzido sua criminalidade.
Primeiro, ocorreu uma aliança entre universidades e polícias. Os estudos foram baseados em análise de dados. A política criminal passou a ser inspirada em resultados técnicos, sem politicagem.
Em seguida, penas foram endurecidas e as polícias fortalecidas em um tripé: policiamento de proximidade, tropas de elite e foco em investigação/inteligência.
Com isto, o policial tinha mais respeito da comunidade que lhe passava informações, tinha força para atuar e inteligência para prender, com taxas de elucidação de crimes acima dos 80%.
Ao mesmo tempo, o Judiciário se tornou mais veloz, apresentando o criminoso ao juiz no mesmo dia da prisão. Polícia forte, preparada e respeitada. Esta é a fórmula: não precisamos inventar a roda.
Ainda assim, o Brasil caminha no sentido contrário. Baixa resolução de crimes, processos que duram décadas, polícia sem pessoal. E qual nossa inovação? A audiência de custódia, na qual presos são apresentados ao juiz para que seja avaliada, isto sim, a conduta do policial. É o respeito aos direitos do bandido!
É tempo de enfrentarmos a realidade e sermos firmes. Vamos retomar as ruas para o cidadão de bem.
Wilder Morais é senador, engenheiro civil e relator da Política Nacional de Segurança Pública
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