Entrevista publicada no jornal Diário da Manhã — 08 de junho de 2013
Sempre que perguntado o que fez o jovem pobre de Taquaral de Goiás, cuja família nem casa própria tinha para morar, se tornar o empresário Wilder Pedro de Morais, o agora senador Wilder Morais (DEM-GO) tem a resposta na ponta da língua: “a educação foi a grande ferramenta de transformação em minha vida”. Ele inclusive cita uma frase do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela para enfatizar a importância da educação: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” Wilder salienta também que sua determinação pesou muito para que ele se formasse em Engenharia Civil na PUC-Goiás. Em 2010, teve início a sua vida política partidária: foi quando se tornou o primeiro suplente de senador de Demóstenes Torres, que, em julho de 2012, foi cassado, e com isso Wilder assumiu a cadeira. Mas antes de assumir o Senado, ele foi secretário de Infraestrutura no Governo Marconi de janeiro de 2011 a julho de 2012. Sobre os boatos de sua intenção de mudar de sair do DEM, o parlamentar alfineta: “Esses boatos existem desde que eu era secretário de Estado; continuo firme no partido, onde tenho o respeito de todos.” Sobre o deputado federal Ronaldo Caiado, presidente regional do DEM em Goiás, Wilder elogia as qualidades políticas de Ronaldo, as quais, segundo o senador, “lhe servem de sustentação caso ele venha a ser mesmo candidato a governador de Goiás”. Mas ele não esconde seu desejo de ver o DEM e o PSDB envolvidos numa coligação no pleito do ano que vem.
Formação acadêmica
Ainda menino em Taquaral de Goiás, minha cidade natal, eu já dizia que seria um engenheiro quando crescesse. Isso sem ao menos saber que o fazia um engenheiro. Ao entrar na adolescência, minha opção se consolidou e então escolhi a Engenharia Civil. Só que não foi fácil me formar: família muito pobre, que nem casa própria tinha para morar. Mudei sozinho para Goiânia para fazer o segundo grau, e minha mãe me ajudando nas despesas com o pouco dinheiro que ganhava como costureira em Taquaral. Minha determinação não me deixou desistir do meu sonho. Quando olho para trás, vejo que a educação foi a grande ferramenta de transformação em minha vida. Há uma frase do Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, que define bem a importância da educação. Diz ele que “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
Fim dos suplentes
Assumi como senador porque o Artigo 46 da Constituição, em seu 3º parágrafo, diz que “cada senador será eleito com dois suplentes.” Se não houvesse tal lei, eu não seria senador. Faz-se necessário dizer que fui um suplente diferente: fui às ruas, pedi votos, distribuí material político, visitei praticamente todos os 246 municípios, participei de caminhadas e carreatas. Fiz questão que minha foto constasse também nos materiais políticos. Minha natureza não é de acomodação. Minha história de vida é uma grande prova disso. Enfim estou tranquilo enquanto suplente que se tornou senador.
Mudança de partido
Essa história de que vou mudar de partido vem desde que entrei para vida pública, isso em janeiro de 2011, quando, a convite do governador Marconi Perillo, assumi a Secretaria de Infraestrutura, onde fiquei 1 ano seis meses. Foram muitas notas nos jornais, e sempre o colunista dizendo que o fulano de tal ouviu de mim que eu iria sair do DEM. Estou bem no DEM, sou muito respeitado pelos líderes da legenda.
Minha Casa, Minha Vida
A busca do fato deve reger o trabalho dos jornalistas. E, ao contrário do que foi noticiado, o fato relacionado aos contratos firmados pelo Grupo Orca, do qual sou um dos sócios, com a Caixa Econômica Federal é outro bem diferente. Os contratos para construção das casas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida foram firmados em 2009, quando eu não nem havia pensado em entrar para a vida pública. Meu ingresso na vida pública só se deu em 2011, quando me tornei secretário de Infraestrutura. Portanto, dois anos após a assinatura dos contratos. Se os jornalistas, verdadeiramente, tivessem buscado o fato, a leitura das matérias seria outra, e assim eu não seria mostrado com um parlamentar que se aproveitou do cargo para se beneficiar de obras públicas. Faltou apuração da verdade.
Redução de ICMS
Para a felicidade dos estados das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, o Congresso Nacional não aprovou a Medida Provisória 599, que visava à redução das alíquotas interestaduais do ICMS. Sua aprovação representaria um grande retrocesso econômico para Goiás. Esse estágio de desenvolvimento em que vive o Estado só foi possível graças aos incentivos fiscais oferecidos. Mesmo com os incentivos fiscais, as regiões Sul e Sudeste têm uma grande concentração do PIB brasileiro: 77,8%. Defendi desde o primeiro instante a continuidade do percentual de 12% para o ICMS. Cerca de 2 milhões de empregos seriam eliminados nas respectivas regiões caso a redução fosse aprovada, visto que muitas indústrias fechariam suas portas e se mudariam para algum estado das regiões Sul ou Sudeste. Isso significaria um grande transtorno socioeconômico de grandes proporções, sobretudo para os trabalhadores que perdessem seu posto de trabalho. O que governo federal precisa fazer mesmo (e urgentemente) é uma reforma tributária mais ampla e não uma fatiada, conforme a buscada na Medida Provisória 599. Com relação ao fundo de compensação a ser criado para compensar as perdas de receita dos estados, basta olharmos para trás, que vamos encontrar a Lei Kandir para nos desestimular a acreditar na eficiência desse fundo compensatório.
Ministro do STF Luiz Roberto Barroso
É muito saudável para o País quando sua mais alta casa de leis é composta por magistrados equilibrados e possuidores de vasto conhecimento jurídico à altura da exigência do cargo. E é justamente esse quadro de ministros que vamos encontrar no Supremo Tribunal Federal. Acompanhei atenciosamente o processo de sabatina realizado pelo Senado para com o advogado Luiz Roberto Barroso, principalmente o seu discurso inicial de apresentação. Enquanto perdemos o ilustre ministro e poeta Carlos Ayres Britto, que se aposentou, em seu lugar entrou um ministro de vasto conhecimento jurídico e também muito equilibrado. Gostei de ouvir do sabatinado que ele é uma pessoa que crê no bem, na justiça e na tolerância e que “a marca do mundo contemporâneo é pluralidade, a diversidade étnica, religiosa, racial, política. Em síntese: Barroso possui as condições necessárias para exercer o mais alto posto da magistratura do País.
Liberdade de imprensa
A liberdade de imprensa é um atributo essencial da democracia. A liberdade de imprensa tem a utilidade valiosa de servir como ferramenta imprescindível no controle das ações governamentais e do próprio exercício do poder. Nela deve estar ausente o poder estatal; no entanto é a este que cabe a incumbência de garanti-la através de legislação, mas também garantindo punição aos excessos de liberdade daqueles que desconhecem os limites “dos direitos e deveres individuais e coletivos” e que assim acabam enlameando injustamente a honra de alguém. Quanto a isso, o inciso V do Artigo 5º da Constituição diz o seguinte: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem.”
Ronaldo Caiado
Tenho uma grande admiração pela pessoa, pelo médico e pelo político que o Ronaldo Caiado é. Essas qualidades do Ronaldo, principalmente a política, marcada por coerência e firmeza, lhe servem de sustentação caso ele venha a ser mesmo candidato a governador de Goiás nas eleições de 2014. Entretanto, não posso de deixar de reconhecer o fato de que fui secretário do governador Marconi e que o DEM e o PSDB fizeram parte da Coligação Goiás Quer Mais, que saiu vitoriosa nas eleições a governo de 2010. Coligação esta que envolveu também o PTB, PRB, PSL, PRTB, PHS, PMN e PT do B. Confesso que gostaria de ver o DEM e o PSDB juntos em uma nova composição política.
Municipalismo
Na promulgação da Constituição de 1988, o saudoso deputado constituinte disse algo precioso sobre a Federação, o qual, infelizmente, não tem sido aplicado no País. Ulysses, no uso da palavra, levantou com uma das mãos o livro contendo a nova a Constituição e disse que “as necessidades básicas do homem estão nos estados e municípios e que neles deve estar o dinheiro para suprir essas necessidades básicas. Ulysses disse mais: “A Federação é a governabilidade. A governabilidade da Nação passa pela governabilidade dos Estados e dos municípios”. Se prefeitos e governadores estão de pires nas mãos em busca de recursos é justamente pelo fato de neles não haver dinheiro para suprir essas necessidades básicas apontadas por Ulysses Guimarães. O Brasil precisa realizar urgentemente um novo Pacto Federativo.
Infraestrutura
Para que o desenvolvimento econômico de um país aconteça, faz-se necessário que ele tenha uma infraestrutura de boa qualidade. Não havendo uma infraestrutura assim, como é o caso do Brasil, os produtos encarecem no mercado interno e também no externo, o que acaba afetando a competitividade na concorrência internacional. O Brasil investe pouco mais de 2% do seu PIB em infraestrutura, quando o ideal seria pelo menos 5-6%. Além desse pequeno porcentual de investimento no setor, existe também lado danoso da má gestão, o que acaba gerando desperdício de recursos e paralisação de obras pelo Brasil afora. Exemplo disso temos na Ferrovia Norte-Sul iniciada em 1987 e até hoje não foi concluída.
Uma boa entrevista senador. Parabéns.
Conheço sua história de vida. Meu marido já foi funcionário do senhor, e ele me falou o quanto o senhor batalhou pra vencer na vida. Tudo por meio da educação.
Srs,
É bom saber que Goiás dispõe desse reforço altamente preparado para com legitimidade constitucional e moral, representar o nosso sofrido povo goiano no cenário nacional. Parabéns Senador! Ainda que uma gotinha d’água frente aos problemas morais do pais, esperamos que o Sr caminhe sempre ao lado dos justos com o seu ideal altruísta.
E B Galdino