Diário da Manhã entrevista o senador Wilder Morais

Leia a íntegra da entrevista… 

“Protestos acontecem por falta de comprometimento dos políticos”


DIÁRIO DA MANHÃ

RENATO DIAS

Presidente do Democratas em Goiás, o deputado federal Ronaldo Caiado pode ser uma opção da base aliada para concorrer ao Senado. É o que defende o senador Wilder Morais, que aparece como um dos cinco mais atuantes no exercício de 2013.

Pragmático, ele defende a manutenção, hoje, da aliança política e eleitoral entre o PSDB e o DEM. “Não vejo por que essa parceria deveria ser rompida”, afirma. O liberal insiste na proposta de redução da atual carga tributária no País.

Republicano, Wilder Morais classifica como uma volta “à idade média” o ato de “fazer justiça com as próprias mãos”, como linchamento de bandidos. O democrata propõe a unificação das eleições no Brasil. Uma medida para reduzir os custos do processo: “Isso diminuiria muito os custos com o processo eleitoral, que é altíssimo e assim poderia ser canalizado para outras necessidades sociais mais urgentes”, explica. Wilder Morais conversou por e-mail com o Diário da Manhã.


Diário da Manhã  — O DEM, na sua opinião, deveria celebrar aliança com o PSDB, em Goiás, ou marchar com a Terceira Via?

Wilder Morais — Se até o momento o DEM e o PSDB estiveram juntos e com êxito, não vejo por que essa parceria ser rompida. O que também não quer dizer que essa alternativa seja a que vai prevalecer até as eleições, que ainda estão longe e envolverão muita conversa no fechamento das alianças. O cenário político atual acena pragmaticamente para essa continuação de aliança entre ambos partidos. Entendo que precipitar conversa neste exato momento não é algo acertado, visto que, em alguns partidos, ainda nem houve definição de candidato.

DM — Ronaldo Caiado é boa opção ao Senado?

Wilder Morais — Ronaldo Caiado, volto a mencionar o que já disse anteriormente neste jornal, é um político íntegro e soma em qualquer casa de leis em que estiver. Ele tem bagagem política suficiente para chegar ao Senado. Se assim acontecer (torço muito por isso), aquela Casa de Leis vai ganhar muito com a presença dele, pois, como já sabemos,Caiado tem uma atuação parlamentar marcada por muito trabalho e engajamento total. Eu, particularmente, na condição de amigo pessoaldo Caiado e também como membro do DEM, ficarei muito contente em tê-lo como colega no Senado. Faz-se necessário ressaltar que, para o Estado de Goiás, isso também representará muito.

DM — O que significa aparecer em 5º lugar no site Ranking Político, entre os cinco senadores mais atuantes do País?

Wilder Morais — Há um ditado popular que diz que “quem planta colhe”. Esse resultado é uma colheita muito gratificante para mim, e tenho plena convicção de que trabalhei (e estou trabalhando) para merecê-la. Estar entre os cinco senadores mais atuantes significa que estou desempenhando o meu papel parlamentar com qualidade e dedicação. Minha equipe técnicae eu nos reunimos constantemente, e é dessas reuniões que ocorre a elaboração de projetos de leisverdadeiramente úteis ao desenvolvimento econômico e social do país. Em meu blog — https://www.wildermorais.com.br — ou então no site Senado — http://www.senado.gov.br — o leitor vai encontrar todos os projetos que apresentamos de maneira bem detalhada.

DM — A revista Veja classificou seu trabalho parlamentar positivamente. Que leitura o senhor faz?

Wilder Morais — Essa matéria da Veja, que nos coloca entre os senadores que mais trabalharam em 2013 por um país moderno e competitivo, é outra colheita muito importante para mim, lembrando que somos 81senadores e estou entre os primeiros. Essa avaliação me deixa bem confortável como minha consciência política. A matéria mostra que não estou naquela Casa para passar o tempo nem me favorecer dela, mas sim com o propósito de, verdadeiramente, ser útil enquanto senador na cobrança de ações benéficas do Executivo em favor do País e também para legislar em prol do país de modo a torná-lo competitivo e moderno. Em sua avaliação, a Veja não se debruçou sobre discursos dos parlamentares, mas sim sobre as proposições de relevância apresentadas por eles. E essas proposições foram norteadas por nove eixos temáticos, como diminuição da carga tributária, geração de infraestrutura, melhor sistema educacional, melhor gestão de gasto público, diminuição do excesso de burocracia entre outros.

DM — Qual sua opinião sobre as ações populares de surrar bandidos e amarrá-los em postes?

Wilder Morais — Se observarmos a causa dos protestos que andam acontecendo no País, chegaremos à falta de comprometimento dos homens públicos de modo geral, sobretudo dos representantes do Executivo e Legislativo, que são os escolhidos pelo povo para promoverem leis e obras verdadeiramente de interesse popular. Agora, por exemplo, os veículos de comunicação estão mostrando a população surrando bandidos e os amarrando em cercas e postes. Essa ação popular do olho por olho, dente por dente é uma prova de que as pessoas estão descrentes com a ineficiência do Estado na prevenção e repressão dos fatos geradores de insegurança. Essa justiça pelas próprias mãos é uma prova incontestável de que as pessoas não estão vendo serem cumpridos os “objetivos fundamentais da República do Brasil”, como consta no artigo 3º da Constituição, sobretudo no que diz respeito a “erradicar a pobreza e a marginalização”. Essas ações de linchamento da população, motivadas pela inércia do Estado, são um indicativo de que estamos retrocedendo no tempo, voltando à Idade Média. Valemencionar também, já que o assunto envolve violência, o gesto estúpido de um vândalo, que, num ato estúpido e cruel, tirou a vida do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, ao arremessar um rojão em Santiago durante um protesto dia 6 no Rio de Janeiro. Volto ao artigo 3º da Constituição: cadê o Estado com seu aparato administrativo de segurança para “promover o bem de todos” e assim permitir que pessoas como Santiago e outras tantas possam defender o seu pão de cada de maneira tranquila sem ter a vida brutalmente interrompida?

DM — Existe um Plano B na base aliada, caso Marconi Perillo não saia para disputar a reeleição?

Wilder Morais — Na verdade, não sei. O que sei mesmo é que as eleições deveriam unificadas, isso diminuiria muito os custos com o processo eleitoral, que é altíssimo e assim poderia ser canalizado para outras necessidades sociais mais urgentes. Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral, nas eleições para prefeito e vereador de 2012 foram gastos R$ 597 milhões com os 5.568 municípios, já nas eleições de 2010 para presidente, governador, senador e deputado estadual e federal, o custo foi de R$ 480 milhões. Inclusive já existe um PEC do senador Romero Jucá nesse sentido.Tenho percebido que,em nosso cenário político de modo geral, há um predomínio de busca de projeto de poder e não projeto de estado. Isso não é saudável para o País, pois os interesses partidários ficam em primeiro lugar e os da Nação em segundo, quando deveria ser o contrário. Além da redução de gastos, a eleição unificada estenderia por um prazo maior a continuidade administrativa, que, no sistema atual, é paralisada por imposição da legislação, que visa impedir que os candidatos ponham a máquina estatal em favor de suas candidaturas.

DM — Qual análise e balanço o senhor faz da gestão de Marconi Perillo, hoje?

Wilder Morais — Se Marconi Perillo está em seu terceiro mandato e na iminência do quarto, isso mostra que ele tem um histórico administrativo marcado por inúmeros êxitos em vários setores de sua administração. Dizer que tudo está a mil maravilhas é fechar os olhos à realidade. Na verdade, nenhum estado está atravessando situação assim, pois a todos eles, vale incluir também os municípios, que são os maiores prejudicados, a União não destina um volume de recurso à altura de suas legítimas necessidades. Mas Goiás, de modo geral, vai muito bem, e esse mérito deve ser atribuído a Marconi. Se olharmos duas décadas atrás, veremos que o Estado tinha um PIB que não chegava a R$13 bilhões; em 2013 o PIB foi de R$ 112 bilhões. Esse salto tão significativo na economia goiana envolveu ações administrativas arrojadas; vale aqui mencionar os incentivos fiscais, que foram essenciais para o desenvolvimento do Estado. Inclusive defendi (e defendo)a continuação deles, pois foi por meio dos incentivos que Goiás conseguiu mudar seu perfil econômico. Em 2013, por exemplo, o Estado alcançou o segundo lugar em maior índice de crescimento na geração de empregos formais em termos relativos. Esse resultado só tem uma leitura: boa gestão pública.

DM — Jayme Rincón é a alternativa para 2016, em Goiânia?

Wilder Morais — Sei da competência de Jayme Rincón. Apesar de não ter visto ele externando essa vontade, vejo-o como uma boa alternativa para 2016. Quando fui secretário de Infraestrutura de Goiás, de janeiro de 2011 a julho de 2012, trabalhei com ele no levantamento detalhado da situação de todas as rodovias de Goiás, asfaltadas e não-asfaltadas, e respectivamente na elaboração das ações da Agetopem toda a malha viária estadual. Essas ações, capitaneadas por ele, já recuperaram muitas rodovias por todo o Estado, sem se falar em tantas outras que estão em andamento.

DM — Que mudanças o senhor propõe para o Fies?

Wilder Morais — Como tive de recorrer ao crédito educativo para me formar em Engenharia Civil e na época conseguir avalista era algo muito difícil devido ao excesso de exigências da Caixa Econômica Federal, sei da importância que é o Fies (Fundo de Financiamento de Estudantil) para os alunos carentes.Fui relator da Medida Provisória 626/2013, que abre crédito extraordinário de R$ 2,53 bilhões ao programa, que oferece empréstimos a juros mais baixos a alunos que buscam acesso a cursos pagos de graduação, pós-graduação e de educação tecnológica. Felizmente, a burocracia hoje é menor para que o estudante consiga ser contemplado no Fies. E é isso mesmo que o governo federal deve fazer, via Ministério da Educação. Inclusive sugiro até que o governo federal copie Goiás: oferecendo bolsas universitárias aos alunos e recebendo deles o crédito proporcionado em prestação de serviços em órgãos públicos. Não encontraremos, no cenário mundial, nenhum país desenvolvido que não tenha chegado a esse estágio pelo investimento significativo em educação. O Brasil, infelizmente, não está fazendo bem sua tarefa de casa: ainda temos quase 12 milhões analfabetos adultos, sem se falar nos milhões de analfabetos funcionais, que são aqueles que conseguem ler, mas que não entendem o que leem.

DM — O que deveria ser alterado no Simples Nacional?

Wilder Morais — É indiscutível que o Simples Nacional permitiu inovações de grande importância econômica e social no País. Ao adotar esse novo ordenamento tributário, isso fez com que houvesse redução da burocracia tanto para criar como fechar empresas, diminuição da carga tributária em alguns setores, redução de obrigações trabalhista, estímulo à inovação e também acesso a créditos. Como vejo a necessidade de novos aprimoramentos no Simples Nacional, por ele não permitir a inserção de determinadas categorias de serviço em atividade intelectual, técnica e científica, apresentei um projeto de lei que aceita essas categorias de serviços nessa modalidade tributária. O governo tem a função de facilitar o acesso e a sobrevivência das pessoas no mundo dos negócios e não criar-lhes dificuldades. Afinal, os impostos e a geração de empregos vêm das empresas; e sem impostos, o funcionamento da máquina pública fica emperrado. Isso resulta na falta de investimento em setores essenciais ao desenvolvimento, sobretudo em infraestrutura de modo geral. Meu projeto de lei tem essa preocupação em facilitar a vida do empreendedor.

DM — Em ano eleitoral, o Senado conseguirá garantir quórum às sessões?

Wilder Morais — Se depender de mim, com certeza haverá sim.

DM — O senhor tem projeto eleitoral para 2018?

Wilder Morais — Meu projeto é simplesmente cumprir o meu mandato de forma correta e produtiva como tenho feito.

Um comentário

  1. Parabéns ao senador Wilder Moraes pela entrevista.
    Respondeu todas as perguntas com clareza e determinação, continue firme em seu proposito, pois nosso país precisa sim de pessoas com novos pensamentos e coragem pra fazer mudanças.
    Conheço o senador desde o começo de sua carreira e sei que não nos decepcionara.