WILDER
MORAIS

Engenheiro e
Empreendedor goiano

Pero Vaz de Caminha já alertava para a fertilidade do Brasil

Artigo publicado no Jornal Diário da Manhã — 26 de agosto de 2014

Wilder Morais

Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota marítima comandada por Pedro Álvares Cabral, na carta que redigiu no dia 1º de maio de 1500 para o rei de Portugal, Dom Manuel, relatando o perfil da terra descoberta, falou também da fertilidade da terra. Como não tinham explorado a terra ainda de maneira mais ampla, devido a recém-chegada ao lugar, Caminha disse que eles não puderam constatar a existência de ouro, prata ou qualquer outro tipo de metal. Mas sobre a qualidade do solo, ele observou: “Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados… Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.

Interessante observar a importância que o escrivão Caminha atribui à riqueza hídrica do Brasil. E é, portanto, graças, essencialmente, a este fator que, atualmente, o país representa o terceiro colocado no cenário mundial na produção de alimentos. E pode se destacar mais, e inclusive superar a União Europeia e Estados Unidos, que ocupam respectivamente o 2º e o 1º colocados no ranking. Além da riqueza hídrica, o Brasil tem ainda a seu favor a fertilidade do solo; outro aspecto favorável é o fator climático. Mas se faz necessário adicionar mais um fator que tem peso considerável nessa posição ocupada pelo Brasil, que é o emprego de tecnologia.

O jornalista Wandell Seixas, que está escrevendo excelentes matérias para o Diário da Manhã na área de economia, diz algo muito interessante sobre a agricultura em seu livro, cujo título é muito acertado: “O Agronegócio Passa pelo Centro-Oeste”: “O produtor brasileiro está cumprindo bem o seu papel na produção de alimentos e oferecendo a sua cota de agregação de valor. No Brasil, se alguma coisa andou para trás, não foi a agricultura. Ao contrário, está fazendo uma revolução silenciosa.”

E ao falarmos em agricultura, estamos falando em agronegócio, que é um setor que oferece cerca de 30% de emprego à população economicamente ativa no país. Seu peso econômico é valioso, por isso é tido como um dos setores mais importantes e representa cerca de 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que em 2013 foi de R$ 4,84 trilhões. Valor este maior que o de 2012 em 2,3%, percentual puxado pelo crescimento do setor agropecuário (7%) e investimento (6,3%).

Ao contrário do que está fazendo o produtor brasileiro, o governo federal não está cumprindo bem o papel que lhe cabe e é obrigatório que ele o cumpra. Conforme pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Logística neste ano, em vez do nosso setor de logística subir na avaliação dos executivos, ele está diminuindo: caiu para 4,8 em 2013, de uma média de 5 em 2011; em 2009 a nota era 5,2. Paulo Fleury, presidente do instituto, fez uma avaliação da presidente Dilma muito pertinente, ressaltando que ela “está tendo de engolir sapos porque o coração do governo não gosta do empresário”. E mais: “Entende que ganhar dinheiro é crime, é pecado. Mas os recursos privados nos projetos de infraestrutura não dão para fazer 15% do que ela gostaria de fazer…”

Recentemente, numa entrevista coletiva, o senador Aécio Neves (PSDB/MG), que é candidato a presidente da República, apontou três eixos valiosos a serem perseguidos em seu governo caso venha a ser o vencedor das eleições deste ano: “Logística, política tributária e desenvolvimento sustentável”. Estamos na contramão do desenvolvimento: o país não oferece uma infraestrutura de qualidade ao setor produtivo, e assim possibilitar que o país obtenha mais competitividade no mercado internacional. Os custos com a logística produtiva é um dos grandes obstáculos. Enquanto o setor produtivo dá cinco passos, o governo federal dá um em infraestrutura. Essa estagnação econômica em que vive o Brasil vem justamente do fato de as políticas empregadas pelo governo federal não priorizarem esses três eixos apontados por Aécio. O foco do governo federal tem sido mais politiqueiro.

O pecado, não vê o governo federal, não é ganhar dinheiro, mas sim desperdiçar as riquezas que o Brasil possui em solo, em água, em clima, mas sobretudo não realizar as ações que tocam ao governo na implantação de políticas desenvolvimentistas.

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